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Afinal, o que são as organizações exponenciais (exos)?

Drones, impressoras 3D, robôs industriais, até robôs digitais que examinam contas públicas à procura de irregularidades… Qualquer um que não vive em uma caverna e tem o mínimo contato com a mídia tem ciência de como as novas tecnologias tem mudado a vida das pessoas e dos negócios e pode já ter ouvido falar do que são as organizações exponenciais.

Em 2010, 1.8 bilhão de pessoas estavam conectadas à internet. Hoje são 3 bilhões. O YouTube passou de uma startup, financiada pelos cartões de crédito pessoais de Chad Hurley, para uma empresa comprada pelo Google por US$ 1,4 bilhões, tudo isso em menos de 18 meses. Por volta da mesma época em que a Kodak estava fechando suas portas, a iniciante Instagram, há três anos no negócios e com apenas 13 colaboradores, foi comprada pelo Facebook por 1 bilhão de dólares.

Olhe para produtos ou serviços que, da noite para o dia, se tornaram essenciais para você e para milhares de outras pessoas – é provável que haja uma Organização Exponencial por trás.


Definição

Organizações Exponenciais, as “ExOs”, são uma nova geração de negócios construídos para se beneficiarem do rápido crescimento da tecnologia. Uma característica definitiva dessas organizações é que crescem 10x mais, são mais rápidas e mais baratas que as organizações tradicionais e lineares.

Ao invés de usar exércitos de colaboradores ou grandes instalações físicas, as ExOs desmaterializam o que antes era de natureza física e o transferem ao mundo digital sob demanda e alavancam recursos externos para alcançar os objetivos.

Outro traço chave é que elas mantém um pequeno núcleo de colaboradores e instalações e recrutam seus clientes e comunidades online e offline para tudo, desde a concepção do produto até o desenvolvimento de aplicativos. As Organizações Exponenciais crescem em velocidade incrível porque não se dedicam a possuir seu mercado, mas a recrutá-lo para seus propósitos.


Surgimento do Conceito

A denominação de Organização Exponencial não nasceu por acaso. O conceito surgiu na Singularity University em meados de 2009 e foi imortalizado com a obra Organizações Exponenciais: por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer a respeito) de Salim Ismail.

Na época, o paradigma de Organizações Exponenciais foi identificado por cerca de dois anos com entrevistas com diversos executivos de nível C da Fortune 200, avaliação de mais de 60 livros clássicos de gestão da inovação e observação das 100 startups de maior crescimento, incluindo as do clube do Unicórnio. Essas empresas estavam seguindo um modelo específico de crescimento e, até então, ninguém havia captado tão claramente as singularidades e a magnitude do impacto desses negócios exponenciais.


Porque elas importam

Dez anos atrás havia 500 milhões de dispositivos conectados a internet. Hoje existem mais de 10 bilhões. Em 2020 haverá 50 bilhões. Em 2030 teremos um trilhão de dispositivos conectados a internet a medida que, literalmente, todos os aspectos do mundo estarão habilitados para a informação com a internet das coisas. Estamos falando de 15 a 20 anos somente.

Se você parar para pensar nos 3 primeiros casos trazidos no começo deste artigo (drones, impressoras 3d e robôs industriais), o custo de fabricação de drones caiu em 142x nos últimos 9 anos, de impressoras 3D em 400x nos últimos 11 e dos robôs industriais 23x nos últimos 10, sem falar nos avanços funcionais.

Os dados, por exemplo, crescem na mesma velocidade: sabemos que 90% dos dados disponíveis no mundo foram gerados nos últimos 2 anos e que a previsão é de que o volume de dados cresça em 50 vezes de 2010 até 2020 – por isso que acreditamos tão fortemente que empresas que não investirem em uma estratégia de dados não sobreviverão aos próximos 5 a 10 anos.

Não é muita gente que acreditaria em tremenda velocidade, mas hoje em dia a adoção dessas diversas tecnologias tem que ser muito mais rápida que a expectativa criada em nosso raciocínio linear. Algo como “os objetos no espelho estão mais perto do que imaginamos” para criar um senso de urgência.

O Waze, como exemplo, só se tornou um sucesso porque tem a informação como seu maior ativo. O app, ao acessar recursos que não são de sua propriedade, fazendo uso de leituras de GPS já embutidas nos celulares dos usuários, retorna a informação muito mais valiosa e barata do que qualquer outro serviço de GPS disponível na época em que foi criado.


O Risco Linear

O grande perigo para os negócios hoje em dia é que os estrategistas e dirigentes estão com uma mentalidade linear em um mundo exponencial!

Eis um insight estranho: há não muito tempo atrás, a integração vertical, que é a agregação de dois ou mais pontos de uma cadeia de valor, era a estratégia de ponta dos negócios globais. Durante o último século, as companhias consideradas na linha de frente de inovação eram aquelas no topo das maiores e mais abrangentes redes de operação.

Hoje, os líderes de negócios creditam o sucesso a um modelo completamente oposto. Cada vez mais a agilidade tem se tornado fator determinante para competitividade, e “ser enxuto” virou lema. O medo de ser sobressaído na era digital fez até corporações gigantes como a General Electric correrem para apostar nas novas metodologias das comunidades de startup.

Quando você pensa de uma forma linear, quando as operações são lineares e quando as suas medidas de desempenho são lineares, o resultado sempre acaba sendo uma organização linear que vê o mundo por meio de uma lente linear.


O Linear versus o Exponencial

As estruturas organizacionais evoluíram para administrar a escassez. Para negócios lineares, operando sob a noção de que os recursos disponíveis para eles são fixos e raros (especialmente os grandes), o objetivo sempre foi de manter controle absoluto no maior número de estágios de produção e distribuição possível. Esse conceito de propriedade funciona bem para a escassez, mas o acesso ou a partilha funciona melhor em um mundo abundante e baseado em informação.

As ExOs aprenderam a se organizar em torno de um mundo baseado em informação ao invés de formarem estruturas matriciais tradicionais e planejamentos estratégicos como extrapolação generalizada do passado. Nas ExOs, ao contrário das organizações lineares, o risco é natural, os processos flexíveis e as relações hierárquicas e decisórias minimizadas.


O que as torna essas organizações exponenciais

Há dois fatores fundamentais que possibilitam que as ExOs alcancem um nível extraordinário de escalabilidade. O primeiro é que algum aspecto de seu produto foi habilitado para informação e o segundo é que, graças ao fato de a informação ser essencialmente líquida, as principais funções de negócios podem ser transferidas para fora da organização – para os usuário, fãs, parceiros e ao público em geral.

As Organizações Exponenciais cultivam um Propósito Transformador Massivo (PTM)

Um dos fatores centrais que permite o crescimento acelerado de uma ExO é o cultivo de um propósito compartilhado, altamente aspiracional, que indica não o que a organização faz, mas o que busca transformar. As ExOs nascem e crescem em busca de impacto, normalmente relacionado à solução de um problema comum latente ou à quebra de padrões de forma a revolucionar a vida das pessoas, de forma cativante.


A existência do PTM garante a união das aspirações coletivas, atraindo talentos e simpatizantes e suportando uma cultura cooperativa. Tira o foco da empresa de processos internos e coloca-o no impacto externo (a verdadeira razão de ser está na big picture).


PTMs de ExOs são exclusivos e originais, nem muito abrangentes nem específicos demais, declarados com sinceridade e confiança, comunicando o que pretende resolver junto ao cliente.

Elas alavancam cinco externalidades para aumentar o desempenho – SCALE

Assim que entendemos o significado e a finalidade do PTM, podemos examinar as cinco características externas que definem uma Organização Exponencial, para o qual usamos a sigla SCALE.


Staff sob demanda

Para qualquer ExO, ter Staff sob Demanda é uma característica necessária para a velocidade, funcionalidade e flexibilidade em um mundo em rápida transformação. Organizações Exponenciais acreditam fortemente que a melhor maneira de aproveitar o talento humano não é mais por meio de relações exclusivas de trabalho e hierarquias estáveis, mas por maior horizontalização e relações diferentes de trabalho.

Ao invés de “possuir” funcionários, as ExOs aproveitam mão de obra externa para trabalhos simples ou complexos – até para processos estratégicos. Com a ascensão da internet, recrutamento, seleção e gestão de equipes à distância tem se tornado cada vez mais fácil e manter uma equipe permanente está se tornando desnecessário e obsoleto.


Comunidade e Multidão

Ao longo da história humana, as comunidades começaram com base geográfica (tribos), tornaram-se ideológicas (por exemplo, as religiões) e, em seguida, mudaram para as administrações civis (monarquias e estados-nação).

Hoje, no entanto, a internet está produzindo comunidades baseadas em atributos que compartilham intenções, crenças, recursos, preferências, necessidades, riscos e outras características, e não dependem da proximidade física.

Para uma organização ou empresa, sua “comunidade” é composta por membros da equipe principal, ex-alunos (membros de equipe), parceiros, fornecedores, clientes, usuários e fãs. A Multidão pode ser considerada como todos que estiverem fora dessas camadas centrais.

As ExOs, então, constróem comunidades ao seu entorno usando o PTM para atrair e envolver os membros iniciais, nutrem-nas as e valorizam o engajamento P2P (peer-to-peer), normalmente de forma automatizada.

A multidão, por sua vez, é mais difícil de alcançar, mas seus números são muito maiores – até mesmo um milhão de vezes maior – e é por isso que persegui-la é algo particularmente tentador. A multidão é baseada na atração. Você cria uma ideia, financiando uma oportunidade ou prêmio de incentivo… e deixa que as pessoas o encontrem.

Trabalhar com Comunidade e Multidão aumenta a fidelidade à ExO, aprova novas ideias e o aprendizado e amplifica a ideação.


Algoritmos

Algoritmos são sequências de instruções bem definidas, executadas mecânica ou eletronicamente em um intervalo de tempo para cumprir determinada função, normalmente iterações ou comparações lógicas.

Empresas exponenciais usam algoritmos para identificar as necessidades dos clientes e entender em profundidade os seus desejos. É por conta dos algoritmos instalados no Google que quando comentamos uma palavra, na sequência surgem as ofertas de produtos e serviços relacionados ao tema. Isso se chama Big Data.

Tais algoritmos, combinados com a aplicação de inteligência artificial, são capazes de extrair ideias, identificar tendências e ajustar novos algoritmos.


Ativos Alavancados

No passado, para ser uma grande empresa, era necessário investir muito dinheiro em máquinas, instalações e equipamentos. Uma Organização Exponencial, no entanto, segue o ritmo contrário aproveitando ativos disponíveis. Não se tratando de recursos escassos, a não-propriedade e a economia colaborativa são a chave para o sucesso no futuro.

O Uber não tem posse de nenhum dos carros de sua frota disponível, o AirBnB não é dono de nenhum dos inúmeros quartos e imóveis e, por fim, o Waze se beneficia das informações captadas por seus usuários, sem precisar instalar nenhum equipamento. Apenas alguns exemplos de como ExOs lidam com ativos.


Engajamento

O engajamento é uma forma de permitir que ocorra o comportamento humano colaborativo – comportamento social. Os indivíduos conectados podem fazer agora o que antes apenas as grandes organizações centralizadas podiam fazer.

ExOs normalmente trabalham o engajamento através de sistemas digitais de reputação, jogos e prêmios de incentivo. Uma técnica interessante é o Gamification, que é a estratégia de interação entre pessoas e empresas com base no oferecimento de incentivos que estimulem o engajamento do público com as marcas de maneira lúdica.

Devidamente implementado, o engajamento cria efeitos de rede e ciclos de feedback positivo com um alcance extraordinário. As técnicas de engajamento exercem um maior impacto sobre os clientes e todo o ecossistema externo.

Elas fazem uso de cinco mecanismos de controle interno – IDEAS

O total de output a ser processado quando os elementos SCALE são alavancados exige que os mecanismos de controle interno de uma ExO sejam gerenciados com cuidado e de forma eficiente, sendo extremamente robusta, precisa e devidamente ajustada para processar os inputs.


Interface

Interface é o nome dado para o modo como ocorre a “comunicação” entre duas partes distintas e que não podem se conectar diretamente. Um software ou sistema operacional, por exemplo, pode ser controlado através de uma pessoa usando um computador.

A utilização de interfaces resulta em processos mais eficazes e eficientes, reduzindo a margem de erro.


Dashboards

Um Dashboard, termo que pode ser traduzido como painel de controle ou painel de bordo, reúne diversos dados e indicadores através de gráficos e tabelas. A ferramenta permite o monitoramento simultâneo de um grande número de informações, visualizadas com facilidade em um único ambiente.

Muitas ExOs adotam a ferramenta de gestão OKR (Objective and Key Results, ou Objetivos e Resultados-Chave): Aonde quero ir? (Objetivo) Como sei que estou chegando lá? (Resultado-chave para garantir que o progresso esteja ocorrendo. Os OKRs envolvem foco, simplicidade, ciclos de feedback (mais) curtos e transparência.


Experimentação

Experimentação significa elaborar-se protótipos, apresentá-los para um número significativo de potenciais usuários, colher feedbacks e providenciar os ajustes no modelo. Construir protótipos significa tornar ideias tangíveis, aprendendo enquanto as construímos e quando as compartilhamos com outras pessoas. Mesmo protótipos iniciais e precários, permitem receber uma resposta direta e aprender a melhorar e refinar uma ideia original.

ExOs usam a metodologia Lean Startup e outra técnicas dentro de diferentes departamentos organizacionais para experimentar constantemente novas ideias e processos, culturalmente permitindo correr riscos e falhas. Os processos estão constantemente sendo hackeados com ciclos curtos de feedback.


Autonomia

ExOs se organizam de forma horizontal, permitindo times auto-organizados e multidisciplinares que operam com uma autoridade descentralizada. Muitas Organizações Exponenciais estão se organizando internamente, não em departamentos tradicionais, com camadas de média gerência, mas em equipes interdisciplinares, auto-organizadas e com autoridade radicalmente descentraliza.


Tecnologias Sociais

As tecnologias sociais criam interações horizontais em empresas verticalmente organizadas. Mesmo distantes fisicamente, as equipes conseguem colaborar entre si através de ferramentas sociais. Isso torna o aprendizado mais rápido, facilita a combinação de conhecimento das equipes, estimula o feedback rápido e amplia a capacidade de atuação de uma empresa.

As ExOs aproveitam ferramentas colaborativas, como de compartilhamento de arquivos, fluxos de atividade, comunicação virtual e realidade virtual para manter conversas de latência zero.

Quando implementadas, criam transparência e conectividade ao facilitar o fluxo de informações.


As melhores Organizações Exponenciais

Google

A gigante de busca mantém diversas iniciativas que garantem seu constante crescimento. Pagerank, Adwords, Google+ e Android, ou o GoogleX com suas apostas no Google Glass e carros autônomos.

Airbnb

Um marketplace de acomodações ativo em mais de 34.000 cidades e 190 países, avaliado recentemente em 31 bilhões de dólares. Com 800.000 de anúncios no mundo inteiro, o Airbnb tem mais de 90x o número de anúncios do que uma rede concorrente de hotéis americana, a Hyatt.

Uber

Para o Uber, o custo para adicionar mais um carro em sua frota é essencialmente zero. Considere o impacto quando eles se moverem horizontalmente com novos serviços: entrega de correspondências, serviço de limousine, serviços médicos e de supermercado.

Tesla

Empresa de software automotivo com 6.000 funcionários e valor de mercado de 58,63 bilhões de dólares. É mais da metade do valor de GM e Ford, ambas com cerca de 200.000 funcionários em comparação.

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