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Como aplicar o Lean Startup em empresas estabelecidas?

Metodologia que funciona muito bem para startups (que inclusive leva no nome), mas como aplicar o Lean Startup em empresas estabelecidas?


Se olharmos para a sociedade hoje, vemos potencial de construir basicamente qualquer coisa que imaginarmos. A pergunta que fica para os negócios, porém, não é se algo novo pode ser desenvolvido, mas se essa novidade deve ser desenvolvida. O Lean Startup, tema desse artigo, vem então como um conjunto de práticas para, o mais rápido possível, descobrir o que as pessoas realmente querem e não perder tempo construindo algo novo desnecessário. Em essência, ele se aplica para empresas emergentes de tecnologia tanto quanto para qualquer outro tipo de empresa.


Portanto, o que as grandes e já consolidadas companhias podem aprender com as técnicas utilizadas por empresas em estágio inicial, as startups, para melhorarem processos no desenvolvimento de produtos e serviços?


Uma Questão de Inovação

Antes de prosseguir com a leitura, a primeira coisa que você deve ter bem claro é por que inovar.


Como somos movidos por isso e ajudamos diariamente empresas estabelecidas em suas jornadas de inovação, esse artigo poderia ser imenso e abordando apenas essa questão, mas vamos tentar explicar de forma rápida.


O mercado opera em constante mudança, e mercado nada mais é do que consumidores potenciais com necessidades ou desejos e que estão dispostos e habilitados a fazer uma troca que os satisfaçam, um dia seu produto pode ser ótimo, no outro pode ser passado. Por isso, todo produto ou serviço (basicamente toda ideia) naturalmente carrega prazo de validade, que consiste no que chamamos de seu ciclo de vida.

Pode ser que o modelo de negócios da sua empresa tenha mesmo funcionado há bastante tempo, mas se você aposta a saúde da sua empresa em um produto ou serviço específico, pode ser que sua empresa acabe tendo esse mesmo ciclo de vida (e tenha prazo de validade), e isso não é o desejo de nenhum empresário.


Por isso você deve dedicar sua atenção também à busca de novos modelos de atuação. Só que tratar simplesmente de melhorar modelos de negócios atuais já não basta. Quase toda empresa de grande porte sabe que é preciso inovar sem parar para lidar também com crescentes ameaças externas. Para garantir a sobrevivência e o crescimento, é preciso estar sempre inventando novos modelos de negócios.


Porém, acreditamos que há uma maneira melhor para aqueles dispostos a tentarem um processo diferente de pensar em como criar empresas e desenvolver novos produtos e serviços: Utilizar o Lean Startup.


Por que o Lean Startup muda tudo?

O termo Lean Startup foi cunhado por acadêmicos norte-americanos, ao estudarem como a Toyota tinha ido rapidamente de uma pequena fábrica local de automóveis a um dos líderes globais no setor.


Ao contrário do que era comum no ocidente — muito planejamento, pesquisa de mercado, produção com várias etapas muito bem documentadas etc — os japoneses no pós-guerra viviam em uma cultura de escassez. Dessa forma, não podiam copiar os excessos dos métodos de produção do ocidente e tiveram que se adaptar criando linhas de produção mais enxutas: reduziam desperdícios, cortavam etapas que não eram essenciais e eliminavam os grandes estoques. Nascia então o lean manufacturing.


Também surgiu ali o sistema just in time de produção: nada deveria ser produzido antes da hora, antes que a demanda fosse real. A Toyota foi o primeiro grande exemplo de aplicação desses princípios: a eficiência era máxima, o desperdício mínimo e os carros só eram produzidos quando a encomenda já havia sido feita (não havia mais um estoque esperando pelos compradores, como antes).


Ao longo dos anos, aqueles conceitos que nasceram no Japão pós-guerra correram o mundo. Se tornaram cada vez mais simples e bem definidos e se expandiram para além da manufatura até chegarem às startups.


Em 2011, o empreendedor e mentor americano Eric Ries, escreveu um livro sobre a metodologia que há alguns anos vinha aplicando com startups, baseada nas técnicas de lean manufacturing. Seu livro A Startup Enxuta (ou, The Lean Startup no original em inglês) virou um guia obrigatório para as melhores startups do mundo.


Lá, ele propõe também um diagrama com os ciclos de trabalho que devem ser seguidos, como: construir (o produto mais simples possível), medir (os resultados), aprender (o que deu certo e errado, e então fazer uma versão melhor).


Sem muito esforço de interpretação, concluímos que em momento nenhum isso se refere a uma nova empresa, necessariamente. Na verdade, é um cenário possível em quase todas as organizações. Logo, podemos falar de uma variação do Lean Startup que nem sempre é considerada: o Lean Startup em grandes empresas estabelecidas.


Diferença entre Startups e Empresas Estabelecidas

O meio empresarial passou os últimos 20 anos derrubando custos para aumentar a eficiência.

A grande diferença entre as startups e as empresas estabelecidas já pode ser identificada no próprio conceito que Eric Ries traz de uma Startup: “Uma instituição humana desenhada para criar um novo produto ou serviço em condições de extrema incerteza”.


Por quê? Porque empresas estabelecidas são focadas em executar um modelo que já existe, e não em buscar um novo modelo (diferente das startups). A competência principal está na execução, na eficiência operacional.


Essa eficiência, tradicionalmente, traz uma grande aversão ao risco – a inovação acaba se parecendo com uma espécie de “carta branca para tentar desde que não erre”.


O lema “é errando que se aprende” está no sangue das startups, agora imagine um gerente de projeto ou diretor de uma grande empresa falando que o projeto foi péssimo, deu tudo errado, gastaram todo o orçamento e não conseguiram desenvolver, mas aprenderam muito… Ele está perto de ser demitido! Em parte é assim que que grandes empresas matam a inovação.


O Cenário Ideal

As grandes empresas compram startups a todo momento e quando decidem fazer a compra, o que mais admiram é a cultura de inovação presente na startup e nos empreendedores. Afirmam que depois disso, a cultura de inovação vai se espalhar e contagiar a empresa. Geralmente, o que acontece é totalmente ao contrário, a startup acaba adquirindo a cultura da empresa e perdendo sua capacidade de inovar.


As competências profissionais dos responsáveis e até mesmo das empresas são distintas daquelas necessárias para inovar. A organização funcional é cheio de interdependências, precisa passar por departamentos e tudo coordenado – uma estrutura apropriada para a poda de novas ideias.


A dica de Eric, porém, é que demos ouvidos aos que Steve Jobs denomina “os loucos, rebeldes e desajustados”, visto que muitos acabam perdendo oportunidades de negócios por não ouvirem as ideias malucas. Ele cita o exemplo da Kodak com a transição da fotografia digital e da indústria de música, que também sofreu uma grande mudança. Naquela época podia parecer loucura oferecer música e fotos de graça na internet, não é mesmo?


A chave está na aprendizagem validada: em errar rápido e errar barato, podendo aprender com o erro de forma inteligente e consertar.


Uma vez que o aprendizado esteja enraizado na cultura da empresa, o funcionário não tem medo de experimentar e o líder não vai julgá-lo caso o experimento falhe. É um ciclo contínuo que, atingindo todos dentro de uma empresa, os colaboradores eliminarão o “processo político” de decidir se sugerem algo novo ou não. É natural, é parte do trabalho, é como se não existisse como uma coisa isolada.


Na prática: Lean Startup em Empresas Estabelecidas

Todo projeto interno em uma empresa pode ser gerido pela perspectiva Lean Startup.

Existe a visão do projeto, o seu objetivo maior. Se você busca algo, você tem apenas hipóteses, e não certezas, e hipóteses são comprovadas com experimentos.


Existe a hipótese de valor: este projeto fornece valor para seus clientes (que podem ser os colaboradores), assim como estou supondo que fornecerá?


Existe a hipótese de crescimento: uma vez que forneça o valor, este projeto irá se expandir pela empresa da maneira como eu estou supondo que se expandirá?


O loop contínuo do método não é – nem deve ser – exclusividade dos pequenos times de tecnologia começando um negócio e buscando escalabilidade abrupta.


Ao invés de apresentar o projeto ao departamento responsável, planejá-lo de cabo a rabo e captar recursos para um plano de implementação de 18 meses, você pode simplesmente encontrar os Early Adopters do projeto, aplicá-lo em pequena escala como forma de experimento (usando um MVP se necessário), medir seus resultados e aprender com isso.


E a aplicação do MVP tem como meta principal reduzir os risco de do projeto que possam falhar, sendo assim monitorado e aperfeiçoado. A partir do feedback dos usuários, os objetivos podem ser readaptados. Além disso, a partir da liberação de um produto mínimo viável é possível que o executivo do projeto, possa se certificar que os assumptions daquele produto estavam corretos ou não.


Porém, não consideramos que o processo de adoção do Lean Startup ou de qualquer processo de inovação deva ser conduzido como um salto da fé. Pegar toda a operação e colocar pra trabalhar com lean startup vai resultar em caos, porque a o método não foi feito pra execução de modelo de negócios, foi feito para descobrir novos modelos.


Conclusão

Olhe para os principais aplicativos do nosso dia a dia, como, Ifood, Uber, Waze, entre tantos outros. Seu sucesso está intimamente ligado com o fato de utilizarem as técnicas de Lean Startup e de MVP, uma vez que os seus produtos estão em constante estado de atualização.

E a tendência é que mais e mais companhias já consolidadas passem a utilizar esses métodos. De acordo com a consultoria Gartner, até 2021 mais de 50% das companhias de grande porte estarão alavancando técnicas de Lean Startup. Esse dado já mostra a importância de cada vez mais falarmos e discutirmos sobre o tema.


Construir esses sistemas de experimentação é responsabilidade da alta direção da empresa; esses sistemas tem de ser introduzidos pela liderança. Eric Ries comenta que “em vez de os líderes ficarem brincando de César (imperador romano), mostrando os polegares para cima ou para baixo para aprovar ideias, eles devem instalar a cultura e os sistemas necessários para que os times se movam e inovem na velocidade da experimentação.”

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